Guia para o creator: o que não fazer em ativações com as marcas?

Hoje em dia, existem milhares de criadores de conteúdos espalhados pelo Brasil, dos mais variados nichos e segmentos. Dados da consultoria Influencity Marketing Hub, identificaram que, no final do ano passado, havia cerca de 9 milhões de brasileiros influenciadores digitais. Por essa razão, para se destacar perante uma marca é preciso ter um diferencial e bastante profissionalismo.

Pensando neste cenário concorrido, onde muitas pessoas querem ocupar um espaço, Luiz Menezes, CEO da Trope, martech especializada em soluções de negócios para marcas com foco na geração Z, destacou três ações que devem ser evitadas pelos creators ao fazer ativações com as marcas:

Exclusividade: É importante lembrar que após a assinatura do contrato, os termos de exclusividade devem ser cumpridos. Às vezes, a publicidade termina em um mês, mas o período de exclusividade ainda se estende por outros meses e existem criadores de conteúdo que esquecem desse detalhe. O exemplo clássico é quando um creator fecha contrato com um cliente e sem querer, faz propaganda do concorrente, mesmo que às vezes um simples ‘recebido’. Isso é muito grave e pode gerar multa contratual, além de possível blocklist dos contatos.

Processamento de briefing: É preciso entender a demanda do cliente para conseguir encaixar dentro da sua narrativa, sempre tendo em mente que a marca não é chefe, mas parceira. Os creators precisam estabelecer os limites de até onde podem ou não ceder, não é porque a marca está pagando que você é obrigado a fazer o que não quer. Ser sincero é essencial no momento das negociações da venda e da entrega, afinal, a autoridade que o criador de conteúdo constrói com sua audiência é o seu maior valor.

Data de entrega e prazos: Compromissos aparecem e responsabilidades mudam, mas o creator precisa compreender que marcas possuem planejamentos, planos de mídias e verbas específicas para as campanhas, ou seja, modificações em cima da hora podem causar grandes problemas. Então, se você assumiu que vai entregar o seu conteúdo naquele dia e horário, precisa cumprir e entregar. É claro que existem casos e casos, porém, honrar o cronograma é imprescindível.

Esses são três fatores, que de acordo com Menezes, devem ser evitados com o objetivo de não desagradar as marcas. Todavia, existem ainda outros pontos de alertas, como a expectativa do cliente, que quando não é atendida porque o creator prometeu e não entregou, pode gerar uma situação desconfortável. Isso provavelmente faz com que o criador de conteúdo não seja chamado para uma próxima ação ou renovação.

Por outro lado, às vezes não ser chamado não significa necessariamente que a marca não gostou do resultado. “A energia e o empenho fazem toda a diferença. Se você trata a demanda de publicidade como apenas mais uma, pode ser sim que esteja perdendo oportunidades com marcas que querem construir um relacionamento de longo prazo com você. O profissionalismo em toda a cadeia é muito importante, então também não é viável ter problemas relacionados à burocracia e aos bastidores. A entrega precisa ser boa por completo”, explica Menezes.

Atualmente, as marcas não selecionam criadores de conteúdos só pela quantidade de seguidores que possuem ou impressões que alcançam (ou deveriam). Antigamente esse fator poderia ser fundamental para que decidissem investir ou não, porém, hoje conta ter valores alinhados com a marca e construir conteúdos que contribuam com o crescimento estratégico de negócio da contratante. Números e resultados importam, mas o que o creator faz e fala precisa fortalecer a marca.

Segundo Menezes, quem está começando como criador de conteúdo deve estar atento a tudo que acontece neste cenário e principalmente se organizar. “Todos podem ter ótimas ideias, mas quando a ideia está estruturada, com detalhes e possui um plano mínimo de negócios, faz diferença para que seja notada pela marca. Se você conseguir uma oportunidade de falar com a área de marketing, faça valer a pena, demonstre profissionalismo e mostre que você é uma pessoa apta para ser contratada por aquela marca anunciante”, afirma.

No entanto, o especialista ressalta que as marcas também precisam ter uma postura adequada para que sejam almejadas pelos criadores de conteúdo, sendo uma via de mão dupla. Não basta apenas dar voz aos creators, porque isso eles já possuem, mas dar ouvidos. O que essas pessoas mais necessitam é a oportunidade de serem ouvidas e instruídas. Vale lembrar que o primeiro emprego de muito criador é fazer conteúdo na internet, sem instrução acadêmica ou mínima instrução da educação básica.

Menezes explica que marcas podem perder ideias brilhantes, pelo simples fato de não quererem escutar os criadores de conteúdo. “Muitas vezes, a alteração do modelo de negócio e o impacto na economia criativa surgem a partir daquelas pessoas que estão construindo comunidades e lidando com seus consumidores o dia todo. Precisamos cada vez mais horizontalizar a cadeia e trazer conversas, porque essa troca pode fazer toda a diferença no final do dia”, finaliza.


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